Dr. Henrique Katayama

Escrito por Dr. Henrique Katayama

Por que meus antidepressivos não funcionam?

O número de pessoas que sofrem pela ineficiência de antidepressivos em seus tratamentos é um caso recorrente, mas por quê isso acontece? 

Para entender, vamos dividir essa pergunta em duas. Primeiro, vamos ver o que é caracterizado como depressão, e posteriormente, analisar os possíveis motivos da falha do tratamento em obter a remissão dos sintomas.

Posteriormente, vamos entender o que há de mais novo nas pesquisas sobre o assunto, e como novas formas de terapias, e a integração entre elas pode vir a ajudar os pacientes que sofrem desse mal.

O diagnóstico de transtorno depressivo maior

Depressão, ou, na linguagem técnica, transtorno depressivo maior (TDM), é uma síndrome caracterizada pela presença de mudanças de humor, compreensão e funções biológicas com episódios de duração de pelo menos duas semanas. [1]

Em adição a humor deprimido e/ou anedonia (perda da capacidade de sentir prazer em atividades que anteriormente eram consideradas agradáveis) na maior parte do dia, cinco ou mais sintomas devem estar presentes, dentro da seguinte lista: 

  • Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. 
  • Insônia ou hipersonia quase todos os dias. 
  • Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias 
  • Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. 
  • Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada quase todos os dias 
  • Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias. 
  • Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. [1]

 

Como se vê, é um diagnóstico amplo que deve ser feito por profissional especializado, que também determina e acompanha o tratamento do paciente.

O Tratamento da Depressão

Existem várias medicações para o tratamento do transtorno depressivo maior, porém, as mais utilizadas abordam apenas alguns dos múltiplos desequilíbrios que causam os sintomas desta doença. [2]

Um estudo com 3.671 pacientes testou até quatro esquemas de tratamento. Os que atingiam remissão dos sintomas tinham o tratamento mantido, e os que não a atingiam, tinham a medicação alterada e assim sucessivamente até testar todos os quatros. [3]

Inicialmente, 36,8% dos pacientes atingiram remissão dos sintomas com o primeiro tratamento, 30,6% com o segundo, 13,7% com o terceiro, e apenas 13% com o quarto. [3]

No final, a taxa acumulada de remissão foi de 67%. Os dados indicam que a probabilidade de sucesso diminui com cada falha de tratamento, sugerindo que esses pacientes podem responder melhor a tratamentos com outros tipos de tratamento, com ação maior nos outros fatores relacionados ao desenvolvimento dos sintomas depressivos. [3]

Em situações reais, um estudo observacional com 508 pacientes mostrou que apenas 10% alcançaram remissão total, enquanto 49% mantiveram sintomas graves (17%) ou muito graves (32%). [4]

Ou seja, se o seu tratamento não está dando os resultados esperados, o seu caso não é uma raridade.

E o que eu posso fazer agora? Quais são as alternativas?

Como funciona o sistema nervoso?

Antes de tudo, é preciso entender o transtorno depressivo maior como uma doença multifatorial. E faz-se necessário, antes de ver o mecanismo patológico, entender como o sistema nervoso central (SNC) funciona em sua normalidade.

O sistema nervoso central é uma estrutura complexa que regula funções cognitivas e fisiológicas, como emoções e movimentos, através de neurotransmissores que transmitem informações entre neurônios. [5]

Como funcionam as sinapses?

Já as sinapses são vitais para a comunicação entre células nervosas, permitindo ações como a contração muscular, onde a acetilcolina desempenha um papel crucial. [6]

Tudo em nosso corpo é regido por esse trânsito de informações via neurotransmissores e receptores. Movimentos, pensamentos, emoções. Baseado no tipo de neurotransmissor utilizado pelos neurônios, existem vários sistemas de neurotransmissores, com funções distintas em diferentes localizações.

Esses processos são essenciais para entender o funcionamento normal do cérebro e suas alterações em condições como a depressão.

Se você quer entender mais detalhadamente sobre como funciona o sistema nervoso e como sua multitude de fatores podem levar ao desequilíbrio, causando a depressão, leia nosso artigo sobre

Como funciona o sistema nervoso e sua relação com a depressão!

A depressão como doença multifatorial

A questão é que esse bom funcionamento do equilíbrio da transmissão de estímulos pode ser perturbado por diminuição da disponibilidade de neurotransmissores, estresse oxidativo, disfunção mitocondrial, alteração da expressão de certas proteínas, estresse metabólico, inflamação, dano neuronal, perda de sinapse, e neurodegeneração. [5]

Se analisarmos novamente os critérios diagnósticos de depressão, e entendermos que cada um daqueles sintomas possui uma (ou mais) áreas responsáveis no sistema nervoso central, cada uma com seus próprios neurotransmissores e receptores, tendo visto os múltiplos fatores que pode levar a um desequilíbrio, começamos a entender o motivo de termos índices de sucesso tão baixos.

Na verdade, a maior parte dos remédios utilizados se refere apenas a um dos sistemas envolvidos, o monoaminérgico. Isso inclui mesmo os remédios mais novos.

Então quer dizer que não tem o que fazer?

Não. Na verdade, muito pelo contrário. O foco das pesquisas recentes vem sendo justamente entender os outros fatores envolvidos nas causas da depressão, além do sistema monoaminérgico. E já existem novos tratamentos oriundos destas pesquisas.

Se você quer entender mais a fundo sobre o que causa a depressão, clique aqui para ler nosso artigo sobre ‘’O que causa a depressão?’’.

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