O tratamento da depressão e a resistência ao tratamento
Visto no artigo “Como funciona o sistema nervoso e sua relação com a depressão”, a depressão é uma doença com uma multifatorial e que pacientes diferentes terão causas diferentes para seus sintomas, com tratamentos diferentes. Isso explica a alta taxa de falha encontrada.

O que são e como agem os remédios antidepressivos?
As primeiras drogas antidepressivas foram descobertas na década de 1950. Atualmente, há uma série de classes diferentes, com algumas indicações específicas de acordo com as características e sintomas dos pacientes. [1]
As diferentes classes agem em neurotransmissores diferentes (serotonina, dopamina, noradrenalina), com diferentes seletividades, tendo perfis de efeitos colaterais distintos e resultados que variam de acordo com as características da doença de cada paciente. [1]
O tratamento medicamentoso deve ser acompanhado por médico. O especialista em questões de saúde mental é o psiquiatra. Este acompanhamento envolve analisar os resultados obtidos e a ocorrência de eventos adversos (como sedação, boca seca, disfunção sexual, aumento dos batimentos cardíacos), que podem levar o paciente ao abandono do tratamento. [1]
De acordo com esse balanço entre resultados e eventos adversos, o psiquiatra pode elevar as doses, trocar de droga dentro de uma mesma classe, mudar a classe de antidepressivo, ou agregar classes diferentes. [1]
Existem múltiplos consensos realizados por organizações como a Associação Americana de Psiquiatria (APA), outras entidades nacionais de outros países, e a Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, estudos que compararam as instruções destes diferentes consensos (guidelines) publicados, encontraram resultados muito diferentes em relação às drogas recomendadas, e mesmo em relação aos critérios de sucesso de tratamento. [2] [3]
Apesar disso, estudos demonstram que uma alta porcentagem dos pacientes tratados com os antidepressivos tradicionais respondem apenas parcialmente, sem remissão dos sintomas, ou até mesmo apresentam ausência de resposta. [4]
Estes pacientes são chamados de portadores de depressão resistente ao tratamento. Apesar de não haver ainda um consenso sobre a definição precisa deste subgrupo, a maior parte dos estudos converge em defini-los como “pacientes que apresentaram resposta parcial ou ausência de resposta a pelo menos duas tentativas de tratamento convencional”. [4]
Um estudo latino-americano que utilizou esta definição demonstrou que, no Brasil, 40,4% dos pacientes diagnosticados com depressão se encaixam no grupo resistente ao tratamento. [5]
Estes pacientes apresentam um quadro depressivo mais grave e maior perda de qualidade de vida e de produtividade [6], além de risco aumentado de morte e suicídio [7], quando comparados com os demais portadores de depressão. Há também correlação entre depressão resistente ao tratamento e um aumento substancial do risco de desenvolvimento de demência e doença de Alzheimer, em
comparação a pacientes responsivos ao tratamento [8].
Se você quer conhecer mais sobre esses tratamentos, clique no botão abaixo! Nele, você você encontra os estudos que embasam os diferentes tratamentos oferecidos, com todas as referências de acordo com a medicina baseada em evidências.
Referencias:
1 – Montano, C. B., Jackson, W. C., Vanacore, D., & Weisler, R. (2023). Considerations when selecting an antidepressant: a narrative review for primary care providers treating adults with depression. Postgraduate medicine, 135(5), 449–465. https://doi.org/10.1080/00325481.2023.2189868
2 – Bayes, A. J., & Parker, G. B. (2018). Comparison of guidelines for the treatment of unipolar depression: a focus on pharmacotherapy and neurostimulation. Acta psychiatrica Scandinavica, 137(6), 459–471. https://doi.org/10.1111/acps.12878
3 – MacQueen, G., Santaguida, P., Keshavarz, H., Jaworska, N., Levine, M., Beyene, J., & Raina, P. (2017). Systematic review of clinical practice guidelines for failed antidepressant treatment response in major depressive disorder, dysthymia, and subthreshold depression in adults. The Canadian Journal of Psychiatry, 62(1), 11-23.
4 – Li C. T. (2023). Overview of treatment-resistant depression. Progress in brain research, 278, 1–23. https://doi.org/10.1016/bs.pbr.2023.03.007
5 – Soares, B., Kanevsky, G., Teng, C. T., Pérez-Esparza, R., Bonetto, G. G., Lacerda, A. L., … & Cabrera, P. (2021). Prevalence and impact of treatment-resistant depression in Latin America: a prospective, observational study. Psychiatric Quarterly, 92(4), 1797-1815.
6 – DiBernardo, A., Lin, X., Zhang, Q., Xiang, J., Lu, L., Jamieson, C., … & Li, G. (2018). Humanistic outcomes in treatment resistant depression: a secondary analysis of the STAR* D study. BMC psychiatry, 18, 1 8.
7 – Pérez-Sola, V., Roca, M., Alonso, J., Gabilondo, A., Hernando, T., Sicras Mainar, A., … & Vieta, E. (2021). Economic impact of treatment-resistant depression: a retrospective observational study. Journal of Affective Disorders, 295, 578-586.
8 – Chan, Y. L. E., Chen, M. H., Tsai, S. J., Bai, Y. M., Tsai, C. F., Cheng, C. M., … & Li, C. T. (2020). Treatment-Resistant depression enhances risks of dementia and alzheimer’s disease: A longitudinal study. Journal of affective disorders, 274, 806-812.
Respostas de 2